Cada vez mais em pauta em todo evento corporativo e na rotina industrial, o processo de redução de emissões de carbono na atmosfera, ou simplesmente descarbonização, é também uma preocupação nos portos do país.

Com o compromisso de fazer a sua parte para alcançar uma economia com emissões reduzidas, representantes de portos e empresas do setor no Brasil assinaram em março, durante a Intermodal 2024, para a criação da Aliança Brasileira para Descarbonização de Portos.

Um momento histórico para o setor portuário nacional, a Aliança reúne portos públicos e privados, associações de portos, startups e todos os demais agentes do setor portuário, com o propósito comum de multiplicar um trabalho de descarbonização dos portos brasileiros. Ao todo, 14 portos do País aderiram à Aliança.

No Espírito Santo, a descarbonização é um compromisso do próprio governo. Em fevereiro, durante a realização do Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas, os capixabas deram um passo rumo à redução na emissão de gases poluentes, com a aprovação da primeira fase da execução do Plano de Descarbonização. A iniciativa conta com estratégias econômicas e políticas para acelerar a transição para uma economia mais “verde”.

Para o governador Renato Casagrande, o Espírito Santo se coloca como referência na missão de reduzir as emissões de carbono. “Precisamos cumprir metas anuais para atingirmos o Acordo de Paris até 2050. Temos um programa forte e que poderá ser usado como referência para as outras Unidades da Federação”, frisou.

Portos do Estado fazendo a sua parte no processo

Uma das que apoiaram a criação da Aliança Brasileira para Descarbonização de Portos foi a Vports, que no Espírito Santo administra os portos de Vitória, Vila Velha e Barra do Riacho. “É uma iniciativa ímpar, que tem como objetivo a união de forças na busca de soluções sustentáveis para construir um futuro mais limpo e eficiente. Nós, da Vports, nos orgulhamos de fazer parte dessa aliança e estamos comprometidos em tornar nossas atividades cada dia mais sustentáveis”, falou a gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da Vports, Enilza da Silva Gonçalves da Costa.

Segundo a gerente, a empresa já trabalha alinhada aos pilares do ESG – sustentabilidade ambiental, social e governança – e o movimento chega para fortalecendo as iniciativas que tornam as atividades do setor portuário mais limpas e eficientes. “É um momento importante para o setor, já que inaugura um novo capítulo para a atividade portuária. O que buscamos é uma atuação cada vez mais consciente, responsável e comprometida com o futuro do planeta”, falou.

Outros portos capixabas já assimilaram o compromisso com a descarbonização e com o a sustentabilidade. É o caso do Porto da Imetame, localizado em Aracruz. Com uma implantação dividida em fases, o Porto tem previsão para começar a operar em 2025.

De acordo com o gerente de Manutenção & Equipamentos da empresa, Julio Cezar Brasileiro, uma das premissas do complexo é que ele seja um porto verde, com baixa emissão. “São decisões que a gente está tomando pensando em equipamentos que vão produzir uma quantidade absurda de calor. Essas decisões são justamente para manter o nosso footprint baixo. Temos a vantagem de construir do zero o porto. Se você pegar um porto existente hoje e tentar implantar um sistema de Shock Power, que é o alimentador elétrico de um navio, é uma fortuna. No nosso caso, nós estamos já construindo com um projeto pensando na descarbonização”, disse ele.

Um exemplo está na opção pelo RTG (Rubber Tired Gantry, ou Pórticos Rolantes Sobre Pneus). Embora existam RTGs que utilizem diesel e ainda modelos híbridos, a Imetame optou pelo que é ligado diretamente à energia. “Significa que o equipamento é elétrico e eletrificado. Ele vai ligar, funcionar conectado à minha subestação, trabalhando todos os movimentos dele com energia elétrica vindo da própria subestação. Então eu não uso diesel para absolutamente nada, tenho um grupo gerador bem pequeno que eu atraco nessa máquina”, explicou.

Como todos os RTGs da Imetame são E-RTGs (RTGs eletrificados), ficam ligados 24 horas diretamente na rede elétrica. Outro detalhe é que o MHC (Mobile Harbor Crane), um guindaste utilizado para carga geral, também funcionará dessa mesma forma. “O nosso já virá com a capacidade de operar ligado direto na subestação. São iniciativas que a gente tem adotado já no nosso projeto para reduzir a emissão de poluentes”.

Já a Vale inaugurou em dezembro do ano passado, na Unidade de Tubarão, a primeira usina de briquetes de minério de ferro do mundo. O chamado “briquete verde” reduzir em até 10% a emissão de gases do efeito estufa (GEE) na produção de aço.

Em 2024, a Vale informou que pretende iniciar a operação da segunda usina de briquetes. Desenvolvido pela empresa ao longo de quase duas décadas, o briquete verde dispensa o uso da água na sua produção e reduzirá também a emissão de particulados e de gases como dióxido de enxofre e o óxido de nitrogênio. Servindo para substituir outros produtos na fabricação do aço, este tipo de briquete deve cortar em até 10% a emissão de gases do efeito estufa.

Ter sucesso e fechar parcerias vai além de entregar produtos com qualidade e no prazo. Empresas de diferentes áreas já incorporaram e as que atuam nos portos não são diferentes. Cada vez mais, esses conceitos deixam clara a ideia de que lucro e bons negócios devem caminha lado a lado com boas práticas ambientais e sociais.

 

Fonte: ES Brasil.

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