Espírito Santo é estratégico do ponto de vista geográfico: Estado acelera desenvolvimento da atividade portuária com a atração de novos negócios

Há décadas fala-se da importância de maiores investimentos no complexo portuário do Espírito Santo para que tornasse possível a atração de novos negócios. E essa fase finalmente está em andamento.

O complexo portuário capixaba, está prestes a ampliar suas atividades no segmento, com a chegada de mais um porto. Quem está iniciando a atividade portuária é o Grupo Imetame, com previsão para atuar já em 2025.

A chegada do Porto Imetame vai colocar o Estado em vantagem com relação a outros portos do país, tornando-o mais competitivo. A primeira fase do Porto terá capacidade para movimentação de contêineres e carga geral, e futuramente graneis sólidos e líquidos.
Na visão do diretor do Grupo, Anderson Carvalho, a Imetame está realizando o projeto mais importante do Espírito Santo relativo a avanço em portos, permitindo que grandes navios cheguem à costa capixaba.

“Estamos muito otimistas com essa nova atividade que passará a compor um elo da cadeia logística portuária nacional, e poderá contribuir com o crescimento e desenvolvimento do nosso Estado”, pontua Carvalho. Contudo, ele pondera que o desenvolvimento das ferrovias é fundamental. “A ferrovia é um modal de grande importância na logística nacional, a exemplo dos países de grande relevância econômica como os EUA. Uma ferrovia que, em média e longa distância, liga um centro consumidor e produtor ao Porto, oferece eficiência e menor custo logístico, fundamental para atração de volume.”

Quanto ao risco dessa estrutura de ponta ser subaproveitada, Carvalho afirma ser muito baixo, devido à falta de infraestrutura portuária no Estado, e as restrições nos portos atuais para atendimento aos grandes navios.

Mais Vantagens

Embora o desafio da ferrovia seja uma realidade, o consultor de Infraestrutura e Energia da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Luis Claudio Montenegro, não tem dúvidas da capacidade da Imetame de trazer diversas oportunidades para o território capixaba.

“Quando você fala de Imetame, tem potenciais enormes ali, porque apesar da questão da ferrovia de Belo Horizonte até o Centro-Oeste, que nós vamos discutir com muita força junto ao governo federal, a Imetame tem condição de receber os maiores navios que podem vir ao Brasil e é só ela no Brasil. Então, isso reflete na redução gigantesca do frete internacional e torna o Espírito Santo muito competitivo”, complementa Montenegro.
Para o consultor portuário José Ernesto Conti, a expectativa do mercado é de que esse investimento alavanque um crescimento em todas as áreas da economia, com destaque para o Norte do Estado.

“Todo porto é indutor de desenvolvimento, pois atrai muitas empresas de serviços logísticos e indústria. Estar próximo do porto representa redução de custo e grande eficiência no atendimento às demandas dos clientes. Somando-se a essas particularidades, o Estado está se posicionando como um ‘Hub’ do e-commerce, ou seja, um porto eficiente atuando em um estado atrativo é uma bela fórmula de desenvolvimento”, ressalta Conti.

De acordo com o consultor, a Imetame enxerga o complexo portuário capixaba daqui a 10 anos como um complexo robusto e atrativo. “A desestatização da autoridade portuária, com maior velocidade e flexibilidade de novos negócios e investimento, o empreendimento Imetame, o Porto Central, e outros em desenvolvimento, colocarão o Espírito Santo em elevado nível logístico no cenário nacional”, aposta ele.

Aracruz na vitrine

A autorização para o início das obras do terminal portuário Imetame coloca o município de Aracruz, Norte do Estado, na vitrine devido à oportunidade de se tornar uma eficiente plataforma logística. Para concluir os trabalhos, a expectativa é de que o investimento seja na ordem de R$ 1 bilhão e que centenas de empregos sejam gerados com essa iniciativa.

 

Aracruz é privilegiada em acessos rodoviários ao litoral, está conectada com Minas Gerais e Centro-Oeste brasileiro pelas estradas de ferro Vitória-Minas e Centro-Atlântica, sendo que recentemente foi incluída na Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), o que significa ter incentivos fiscais com a intenção de atrair o investimento de empresas e a criação de emprego. Para entender melhor, nos municípios que integram a área da Sudene, o desconto de Imposto de Renda Pessoa Jurídica é de 75%.

Além disso, Aracruz possui um complexo portuário com grandes áreas de plantio ao seu redor e redução de INSS para novos empreendimentos. Ainda está em desenvolvimento uma Zona de Processamento de Exportação com o novo marco regulatório das ZPEs, além da construção de um Porto de alta capacidade. Ou seja, são vários benefícios que colocam o município em posição de destaque, evidenciando seu potencial de desenvolvimento nos próximos anos.

Diferencial geográfico

O Espírito Santo é estratégico do ponto de vista geográfico, por estar localizado próximo aos principais centros consumidores e produtores, tanto da região Sudeste, como da região Centro-Oeste.

O secretário estadual de Desenvolvimento e vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço, ressalta que a movimentação dos portos influencia muito o PIB capixaba. “A posição geográfica do nosso estado, próximo aos maiores centros produtores e consumidores brasileiros, e o complexo portuário é um dos mais importantes da América Latina e um dos mais eficientes do Brasil. Temos a VPorts (antigo Porto de Vitória), Tubarão, Praia Mole, Porto de Ubu (Anchieta), Porto de Barra do Riacho (Portocel) e Porto Norte Capixaba, em São Mateus.”

O presidente da Associação dos Terminais Portuários do Espírito Santo (Atres), Anderson da Silva de Carvalho, concorda que essa situação geográfica privilegiada possibilita ao Estado oferecer uma estrutura portuária com diferencial em eficiência operacional, com menor custo. “Ou seja, seríamos competitivos em oferta de soluções logística portuária. Ter uma estrutura portuária adequada e integrada, comparada aos grandes portos do mundo, faria com que o Espírito Santo se colocasse na rota das principais linhas marítimas mundiais, atraindo oportunidades que hoje são exploradas por outros portos, cuja infraestrutura não é tão diferente do Estado. Mas alguns pontos são o grande diferencial, como restrição de acesso marítimo e custo”, explica.

O Espírito Santo é visto como um dos territórios com portos mais abertos ao comércio internacional, uma vez que movimentam principalmente cargas pesadas, como pedras brutas, ferro-gusa e granito, enquanto outros terminais brasileiros trabalham muito com contêineres, transportando eletroeletrônicos e outros produtos menores, porém de valores e tributação mais elevados.

Rede de Portos

O debate sobre o importante papel do modal portuário na economia nacional está reaquecido. E, claro, a necessidade de conquistar maior eficiência no setor, não apenas no Espírito Santo, mas em todo o país.

Entretanto, conforme explica o secretário Estadual de Desenvolvimento e vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço, “a atividade portuária é uma vocação natural do Espírito Santo que vem se adaptando aos novos negócios”, o que pode ser exemplificados pelo anúncio da chegada do Porto Imetame, afinal é ele que promete renovar o fôlego de produção e transporte de cargas portuárias.

 

Além do Imetame, outros portos capixabas estão acompanhando as demandas atuais e futuras e demonstram não estarem dispostos a ficar para trás em relação aos modais do Estado, muito menos do país.

O Porto de Ubu da Samarco apresenta dados animadores de movimentação portuária. Rodrigo Abreu, gerente do Porto, mensura as toneladas e produtos referentes ao ano 2022.
“A Samarco retomou suas operações em dezembro de 2020, com 26% da sua capacidade produtiva, o que representa cerca de 8 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.

Em 2022, foram produzidas cerca de 8,3 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro. A empresa atende aos mercados interno e externo, e seus produtos são direcionados aos principais produtores de aço na América, Europa, Oriente Médio e Norte da África. No ano passado, foram mais de 80 embarques.

E recebemos três navios com carga de carvão e coque verde de petróleo, para consumo próprio. O terminal possui capacidade de embarque de 33 milhões de toneladas/ano.” Abreu acrescenta que nas atividades portuárias de Ubu estão envolvidos cerca de 70 empregados próprios e aproximadamente 100 terceirizados/contratados.

Terminal marítimo de ponta

A Samarco conta com um terminal marítimo próprio localizado em Anchieta (ES), que fica a cerca de 80 quilômetros de Vitória. Possui dois berços de atracação com calados de 16,8 metros e 13,0 metros e um píer de concreto com dimensões 313×22 metros, protegido por um quebra-mar em forma de “L”, capaz de receber navios de até 210.000 toneladas.
O Porto possui uma capacidade instalada suficiente para atender às quatro usinas de pelotização que a Samarco possui no Complexo de Ubu.

A sua área portuária tem aproximadamente 745.000m2, onde estão contidos três pátios com capacidade para armazenar até 2,3 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro, cercados por wind fences (barreiras de vento) que contêm o arraste de particulados. A recuperação do material é feita por meio de um sistema de correias robusto e o embarque de produtos através de um ship loader com capacidade de 12.500ton/h.

Rodrigo Abreu destaca os avanços conquistados. “Desde a retomada das operações em dezembro de 2020, com 26% de sua capacidade produtiva, a Samarco implementou melhorias contínuas no Porto. Dentre elas, destaca-se a implantação de um novo sistema de correias para descarga de navios de granéis sólidos, que visa ao aumento de eficiência e segurança operacional e ambiental no recebimento de insumos para sua produção, além de potencial para atender a clientes externos.”

E acrescenta: “A empresa modernizou o sistema de controle de acessos da área portuária, realizou obras na parte estrutural do píer para reforço e reparação de estruturas, e para ampliar o controle ambiental. As defensas, por exemplo, que funcionam como amortecedores para os navios que atracam no Porto, foram todas trocadas, assim como as telas de proteção que complementam o cinturão verde.”

Em relação ao controle ambiental, o gerente do Porto de Ubu afirma que “a empresa implementou melhorias no sistema de bombeamento de efluentes industriais para evitar qualquer derramamento de material no mar e no sistema de contenção de particulado. As torres de transferência e os pátios de estocagem são revestidos com telas para evitar a emissão de particulados.

Além disso, o sistema de sinalização náutica foi substituído por outro mais eficiente, provendo mais segurança para as manobras noturnas.”

A Samarco implantou também um novo sistema de CFTV (circuito fechado de televisão), dotado com câmeras de alta definição, iluminadores infravermelhos, sirenes de comunicação e um novo centro de monitoramento, utilizando tecnologia de ponta para garantir mais segurança ao terminal portuário. Encontra-se em fase de implantação um sistema de calado dinâmico, que trará mais segurança, produtividade e agilidade ao trânsito de navios no porto.

Os investimentos realizados visam manter o Porto de Ubu operando em máxima segurança, respeitando o meio ambiente e com um dos menores waiting time (tempo de espera) entre os terminais de minério de ferro do mundo.

Questionado acerca do peso das atividades portuárias para a Samarco, nos cenários brasileiro e capixaba, movimentação versus vias de escoamento, o gerente esclarece que a Samarco escoa 98% de sua produção via transporte marítimo, sendo então a atividade portuária vital para a empresa. O restante é embarcado pelo modal rodoviário para o mercado interno.

Segundo Rodrigo Abreu, a área portuária da Samarco está apta a atender o volume de 100% de produção previsto para ocorrer em até 2028. Atualmente a empresa opera com 26% da capacidade, e o planejamento gradual prevê a retomada de mais uma usina em 2025, ampliando a capacidade de produção para aproximadamente 60% e o restante até em 2028, como dito anteriormente. A atual estrutura do terminal da Samarco atende a capacidade de produção da empresa.

Porto de Tubarão se supera

Em 2022, 61,4 milhões de toneladas de minério de ferro foram embarcadas no Porto de Tubarão. O dado faz parte do Balanço Vale+, publicação que reúne informações econômicas, sociais e ambientais sobre a Vale no Espírito Santo. A Unidade Tubarão centraliza as operações de ferrovia, pelotização e porto.

Em 1966, o Porto de Tubarão “nasceu” interligado à Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM), sendo considerado a mola propulsora das atividades da Vale no Espírito Santo e o trampolim para que o Estado, cuja economia era centrada no café, pudesse diversificar suas atividades atuando em outros atrativos industriais e comerciais.

O Porto de Tubarão, quando inaugurado, tinha capacidade fora do comum para a época. Podia receber navios de 150 mil toneladas, embora a maioria da frota da época tivesse, no máximo, 60 mil toneladas. O modal portuário teve participação decisiva no escoamento da crescente produção da Vale ao longo dos anos e marcou seu lugar na história da empresa, do Espírito Santo e do Brasil.

Hoje, Tubarão recebe as maiores mineradoras do mundo, os Valemax, com capacidade para 400 mil toneladas. Além da movimentação de minério de ferro, as instalações ainda contam com o Terminal de Praia Mole (TPM), que atua na movimentação de carvão mineral, coque e manganês; o Terminal de Granéis Líquidos (TGL), onde são desembarcados combustíveis; e o Terminal de Produtos Diversos (TPD), responsável pela movimentação de grãos e fertilizantes.

Diversas tecnologias também são empregadas na operação, como drones para inspeções de estruturas civis e mecânicas e automatização de processos, como sistemas de proteção anticolisão de máquinas de pátio, o que reduz o risco, aumentando a segurança das pessoas e a produtividade.

A Unidade Tubarão ainda recebe importantes obras por meio do Plano Diretor Ambiental (PDA), um investimento de R$ 4,67 bilhões. Em 2021, o Porto de Tubarão recebeu o primeiro navio mineraleiro de grande porte do mundo equipado com sistema de velas rotativas (rotor sails), iniciativa que faz parte do Ecoshipping, programa criado pela área de navegação da Vale para atender ao desafio da empresa de reduzir suas emissões de carbono.

Projeto pioneiro em Vitória

A privatização do Porto de Vitória segue no compasso de um conjunto significativo de investimentos que estão previstos para ampliar a competitividade. De acordo com Secretário Estadual de Desenvolvimento e vice-governador do Estado, Ricardo Ferraço, as expectativas frente a desestatização da Codesa são as melhores.

 

“O projeto é pioneiro no Brasil, é o primeiro porto brasileiro a adotar o modelo regulatório de ‘private landlord port’, internacionalmente testado em que a autoridade portuária e os operadores são privados, servindo de modelo para as futuras privatizações. Serão mais de R$ 850 milhões em investimentos, aplicados em várias melhorias, sobretudo no acesso, calado e infraestrutura, o que tornará o Espírito Santo mais competitivo para atração de novos negócios, principalmente no comércio exterior. Vamos ganhar mais eficiência e flexibilidade no funcionamento e capacidade duplicada, gerando emprego e desenvolvimento socioeconômico aos municípios capixabas”, explica o secretário.

Novos negócios

Ferraço enfatiza que a implantação da ferrovia EF 118, ligando Cariacica a Presidente Kennedy, tem papel estratégico e fundamental para favorecer novos negócios e o desenvolvimento no Sul do ES, principalmente com o Porto Central.

“Recentemente formalizamos cobrança ao Governo Federal para que a Vale cumpra o compromisso assumido de construção da ferrovia e apresente um cronograma. Noutra linha de atuação, recebemos executivos Seacrest Petróleo, que confirmaram a aquisição de ativos da Petrobras no Norte do Estado. São quase 700 milhões de dólares nas aquisições dos campos em terra e do Terminal Norte Capixaba e há previsão de mais 500 milhões de dólares até 2028. A previsão, de acordo com ele, é que sejam abertos 350 empregos diretos em cinco anos.”

Quanto às projeções sobre investimentos no setor portuário, Ferraço garante que o Governo do Estado faz sua parte com afinco e trabalha diariamente na prospecção de novos empreendimentos, sendo muito bem-sucedido.

“Neste ano, a previsão é de concretização de 23 anúncios de empreendimentos, sejam eles de novos projetos que se instalem no Espírito Santo ou de ampliação de plantas de operação em solo capixaba. Estamos no caminho certo. Recentemente, a Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes) divulgou dados que apontam que até 2028 estão previstos 289 projetos para implantação em nosso estado e que juntos ultrapassam mais de R$ 36,5 bilhões, sendo que a maioria é do setor indústria. Este cenário terá reflexos no volume e movimentação no complexo portuário local, que deve acompanhar o mesmo ritmo e atingir indicadores muito positivos para a economia capixaba estimulando a demanda por mão de obra e serviços na cadeia que envolvem o setor. É desenvolvimento e geração de emprego e renda no Estado do Espírito Santo”, comemora o secretário.

Fonte: ES Brasil.

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