A previsão de investimentos da indústria de fundição em Minas Gerais para este ano é da ordem de R$ 250 milhões. A maioria dos aportes será direcionada para equipamentos, com o foco das empresas no aumento da produtividade. Embora a expansão do quadro de empregados não seja o principal alvo dos recursos, cerca de 2 mil a 2,3 mil novos postos de trabalho deverão ser criados.

As informações são do presidente do Sindicato da Indústria de Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), Afonso Gonzaga. O executivo está confiante de que as inversões programadas serão capazes de trazer um ganho substancial para o setor. A expectativa dele é de que a fundição mineira consiga crescer de 8% a 10% em 2024 se tudo ocorrer conforme o previsto.

Sem citar nomes, o dirigente revela que estão em andamento dois importantes projetos da área, ambos na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O primeiro diz respeito à expansão produtiva de uma forte fabricante de fundidos instalada em Igarapé, que pretende saltar de 700 toneladas produzidas por mês para 1,4 mil. Enquanto o segundo é relativo a uma nova fundição em Juatuba, que planeja produzir em um primeiro momento cerca de 500 toneladas mensais.

Mas as perspectivas positivas de Gonzaga para o ano da fundição mineira não se resumem apenas à estimativa robusta de investimentos. Na realidade, as empresas estão projetando aportes justamente por acreditarem em um progresso do Brasil. O dirigente pondera que o setor tem uma grande demanda reprimida e se as ações do Marco Legal do Saneamento Básico e do Marco Legal das Ferrovias, de fato, alavancarem obras, a produção de fundidos será beneficiada.

Cooperação do governo federal em prol da indústria

Algo que pode impulsionar o desenvolvimento das fundições em Minas Gerais, bem como em todo o País, é a colaboração entre o setor privado e o governo federal. Neste caso, o presidente do Sifumg destaca a necessidade do Executivo federal perceber que o progresso das indústrias é essencial não somente para a própria sustentabilidade da área, mas também para a evolução de outros setores como serviços e comércio, além de impactar positivamente as receitas públicas.

“Quando dizemos, por exemplo, que é preciso desonerar a folha de pagamento, é porque temos que colocar dinheiro na mão do trabalhador, ou seja, à medida em que isso acontece, damos oportunidade para que ele compre mais. Se o trabalhador não compra, o comércio não vende, a indústria não produz e o governo não arrecada. A base para o crescimento é a indústria”, disse Gonzaga, reiterando que seria pertinente haver um tratamento diferenciado para a área industrial.

Conforme ele, os empresários seguem otimistas, mas o governo não pode tomar medidas que mudem esse cenário. Caso o mercado fique pessimista, a demanda cairá, o que eleva o risco de paralisação produtiva e demissões. Logo, o executivo avalia a nova política industrial do País, cobrada há anos pela categoria, e a reforma tributária, que acredita que não trará benefícios para as indústrias, como um sinal de boa vontade na busca de melhorias ao setor.

Em 2023, setor de fundição de Minas Gerais cresceu 6,2%

A indústria de fundição mineira encerrou 2023 com 17,4 mil funcionários, 28% do total nacional (60,5 mil). Em relação à produção, foram fabricados 669,5 mil toneladas de fundidos em Minas Gerais, o que inclui ferro, aço, alumínio e bronze. Esse volume representa uma alta de 6,2% frente a 2022. O aumento foi inferior aos 10% previstos no início do ano, porém, poderia ter sido menor se os segmentos mineral, ferroviário e agroindustrial não se destacassem positivamente.

O presidente do Sifumg explica que o setor passou por problemas com um recuo das compras automotivas em meados de abril a julho. E apesar da recuperação, a perda de vendas para o mercado exterior em razão da importação de peças prontas com taxação diferenciada continua. Gonzaga diz que está buscando uma solução para a situação, como a sobretaxação dos importados, junto ao governo federal, que tem se mostrado aberto à negociação.

 

Fonte: Diário do Comércio.

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