O governo federal está confiante de que haverá um aumento das vendas externas da siderurgia nacional em 2024. A expectativa subiu após os Estados Unidos revogarem o direito antidumping às importações do Brasil de tubos soldados de aço não-ligado de seção circular. O material, contudo, não é tão representativo na pauta das exportações do setor e a decisão pode ter impacto modesto.

A barreira comercial, imposta em 1992 e retirada na última semana após o governo provar que a extinção não implicará dano à indústria norte-americana, sobretaxava em 103,4% os tubos de aço produzidos nas usinas brasileiras e vendidos ao país. Essa foi a quarta restrição retirada desde 2022, sendo as demais relativas aos laminados a frio, a quente e as chapas de aço carbono.

Em tom otimista ao anunciar a revogação, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, disse ser uma importante conquista que ampliará ainda mais os embarques do material. Isso, de fato, pode ocorrer, porém, o peso desse incremento não tende a ser tão significativo, já que as principais siderúrgicas não fabricam o item.

De acordo com o Instituto Aço Brasil, o produto em questão “não faz parte do portfólio de suas associadas”. No quadro de empresas representadas pela entidade estão as gigantes da siderurgia: Aço Verde do Brasil (AVB), AperamArcelorMittalGerdau, Siderúrgica Norte Brasil (Sinobras), Ternium, Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas), Vallourec e Villares Metals.

Não estar na produção dessas companhias pode ser a explicação para o baixo percentual de participação dos tubos de aço nos embarques siderúrgicos. Para se ter uma ideia, conforme os dados do Comex Stat, em 2023, o País faturou US$ 24,2 milhões com as vendas do item ao exterior, uma parcela pequena quando se leva em consideração as exportações do setor como um todo, o que inclui os embarques de produtos em ferro fundido, ferro ou aço, de US$ 1,8 bilhão.

Siderúrgicas brasileiras fornecem aço para as fabricantes de tubos

Ainda que o impacto possa não ser tão relevante quanto o governo federal gostaria, a elevação dos embarques de tubos de aço para os Estados Unidos devem acontecer mesmo que as principais empresas da siderurgia nacional não produzam o item. Isso porque, segundo o Aço Brasil, seus associados fornecem o insumo siderúrgico necessário para a fabricação do produto.

Essa influência indireta das grandes empresas, talvez, seja o motivo do otimismo do governo brasileiro. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), as exportações de tubos de aço, que somaram aproximadamente US$ 22 milhões no ano passado, dos quais US$ 457 mil destinados aos Estados Unidos, ou seja, 2% do total, pode experimentar um incremento a partir da revogação da medida de defesa comercial estadunidense.

Demais limitações dos Estados Unidos aos produtos da siderurgia nacional seguem em vigor

Devido as suas associadas fornecerem aço para as fabricantes de tubos, o Aço Brasil, em nota, afirmou que “considera positiva a possibilidade de ampliação das exportações, ainda que sigam em vigor, nos Estados Unidos, as limitações ao ingresso de produtos siderúrgicos brasileiros impostas pelas cotas da Seção 232”. Essas outras medidas de proteção ao comércio foram impostas pelo ex-presidente Donald Trump em 2018, para “garantir a segurança nacional”.

A secretária de Comércio Exterior do Mdic, Tatiana Prazeres, ressalta que o Brasil foi o único País que sofria sanção a ter a sobretaxa dos tubos de aço retirada pelos Estados Unidos, “o que demonstra o empenho do governo na defesa das empresas brasileiras no exterior”. Mas lembra que as demais restrições ainda afetam produtos brasileiros e que “o ministério vem apoiando as companhias investigadas pelos americanos e outros países em processos de defesa comercial”.

Fonte: Diário do Comércio

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