Estudo confirma 2,3 milhões de hectares de áreas produtivas e mais de 1,3 milhão de áreas nativas conservadas em todas as regiões do estado

O maior levantamento já realizado com imagens de satélite em Minas Gerais foi concluído recentemente com precisão superior a 97% no mapeamento e caracterização das florestas cultivadas no estado. Os dados consolidam as florestas cultivadas como a maior cultura agrícola mineira presente em 803 municípios (94%). Esse é o mais detalhado estudo já realizado no setor: são 2,3 milhões de hectares de área de produção de florestas e mais de 1,3 milhão de hectares de áreas nativas conservadas em 2020. A cada 1 hectare de floresta cultivada, 0,6 hectare de floresta nativa é conservada, seja em Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reservas Legais (RLs), Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) ou programas de restauração de áreas degradadas.

As imagens permitiram a obtenção de dados a partir de áreas com 0,25 hectare cultivado. Outra novidade é que o levantamento aponta as classes de uso e cobertura da terra que substituíram ou foram substituídas por florestas cultivadas, além da espécie cultivada. O levantamento foi realizado pela startup Canopy Remote Sensing Solutions, com o apoio do Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (SINDIFER) e da Associação Mineira da Indústria Florestal (AMIF). “Fizemos um cruzamento entre o que há de mais inovador em tecnologia de imagens de satélite e avaliações do olho humano. Assim, foi possível ter um retrato fidedigno das florestas cultivadas em Minas Gerais”, destaca a presidente da AMIF, Adriana Maugeri.

O levantamento é estratégico para a tomada de decisões na agroindústria e para o próprio desenvolvimento do setor. “O Plano Nacional de Florestas Plantadas estabeleceu como meta ampliar a área de produção em 2 milhões de hectares até 2030 (cerca 20%). A missão que abraçamos na Canopy é de usar o estado da arte em geotecnologias para entregar não só um raio-x completo das áreas de floresta cultivada em Minas e no Brasil, mas um sistema de suporte à decisão florestal, com informações sistemáticas, precisas e atualizadas”, afirma o Co-fundador e CEO da Canopy Remote Sensing Solutions, Fabio Gonçalves.

Painéis, pisos laminados, madeira serrada, madeira tratada, carvão vegetal, celulose e papel são alguns dos produtos gerados a partir das florestas cultivadas. Tais produtos também solidificam a posição do estado internacionalmente: Minas Gerais segue como líder mundial na produção e consumo de carvão vegetal. “O carvão vegetal é um insumo importante também para a produção de ferro gusa nas siderúrgicas de Minas Gerais. Além da área cultivada, saber o que se tem de disponibilidade de madeira no estado é fundamental. Com essa tecnologia, em breve, teremos o volume de madeira disponível nas áreas de plantio, ou seja, informação relevante para o planejamento das usinas”, afirma o presidente do Sindifer, Fausto Varela.

O levantamento utilizou mais de 3.500 imagens de satélite coletadas sobre o território mineiro na última década. O cultivo do gênero eucalipto é o principal nos plantios com 96,8% do total de hectares. A região Norte de Minas Gerais concentra 25% da base florestal no estado, seguida pelo Vale do Jequitinhonha (13%) e a região Central (12%). As demais regiões representam a outra metade da área total plantada.

A expansão da base florestal

A expansão da base florestal em 2020 ocorreu em cerca de 29,2 mil hectares, se comparada com o período de 2018/2019. Os novos plantios estão localizados nas regiões Norte (38%), Central (28%) e Vale do Jequitinhonha (16%). Por outro lado, cerca de 9,5 mil hectares de plantios florestais foram em 2020 convertidos em outras culturas agrícolas (39%), pastagens (11%) e outros usos (50%), como loteamentos e áreas de mineração. Consideradas as áreas de expansão e de retração, o levantamento indica um saldo positivo de 19,7 mil hectares, o equivalente a 1% de crescimento, aproximadamente, na área de floresta cultivada em relação a 2018/2019.

Cultivo por bioma

O território mineiro é abrangido por três biomas em toda a sua extensão, de acordo com classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São eles: Cerrado (54%), Mata Atlântica (40%) e Caatinga (6%). As florestas cultivadas em Minas Gerais estão presentes em 4,79% da área do Cerrado, 3,33% da área da Mata Atlântica e 0,01% da área da Caatinga.

Uso da terra nos biomas mineiros

BiomaFloresta cultivada (%)Outros tipos de uso (%)
Mata Atlântica3,3396,67
Cerrado4,7995,21
Caatinga0,0199,99
Fonte: IBGE (2019), Canopy e AMIF (2021)

Florestas cultivadas em Minas Gerais

Os dados do novo levantamento solidificam a posição de Minas Gerais como o maior produtor de florestas cultivadas do Brasil. Embora as florestas cultivadas representem apenas 1%, aproximadamente, do território brasileiro, cerca de 90% de toda a madeira produzida com finalidade industrial no país vêm dessa cultura, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ).

As florestas cultivadas reduzem a pressão sobre as florestas nativas porque fornecem insumos necessários à cadeia produtiva da madeira. Elas também contribuem para manter a disponibilidade de água no solo, capturam carbono e lançam oxigênio na atmosfera reduzindo impactos de gases do efeito estufa. Todo o cultivo dessas florestas é baseado em práticas sustentáveis de uso do solo atestadas em certificações nacionais e internacionais.

“Nós mostramos que é totalmente possível promover o desenvolvimento econômico aliado à conservação ambiental e respeito às comunidades que integram os territórios onde atuamos. Para a floresta cultivada sobreviver e produzir de forma satisfatória é indispensável conservar os recursos naturais. Nossos plantios são feitos em forma de mosaico por causa disso. É uma relação de simbiose entre as florestas. A madeira é um dos materiais mais nobres e consumidos na história da humanidade. A preocupação atual que deve pautar a sociedade é exigir a origem sustentável e legal dessa madeira. Este é o papel da indústria florestal: oferecer ao mercado uma madeira que apresente integralmente todo o cuidado e preocupação com a sustentabilidade do nosso planeta”, explica a presidente da AMIF, Adriana Maugeri.

A AMIF e o Sindifer

A Associação Mineira da Indústria Florestal (AMIF) representa os produtores de florestas cultivadas com a finalidade de extração da madeira de forma sustentável, além de representar os consumidores de produtos e subprodutos florestais. Já o Sindicato da Indústria do Ferro no Estado de Minas Gerais (SINDIFER) tem estreita relação com as florestas cultivadas devido ao uso de carvão vegetal (com origem nessas florestas) na produção de ferro gusa.

Texto e imagem: Assessoria de Comunicação – AMIF