O setor florestal mineiro quer se tornar protagonista da agroindústria florestal e desenvolver a economia verde como um novo vetor de crescimento econômico em Minas Gerais. O Estado já é responsável pela maior área cultivada de floresta plantada do País (2,3 milhões/hectares) e pretende avançar na produção de subprodutos da agroindústria florestal. A diversificação é a maior aposta. De acordo com a Associação Mineira da Indústria da Floresta (Amif), para isso acontecer, já foram anunciados para os próximos anos mais de R$ 15 bilhões de investimentos no Estado em ampliações de negócios já existentes na agroindústria florestal no Estado.

A meta é ousada, mas não impossível na visão da presidente da Amif, Adriana Maugeri. Na opinião da executiva, o Estado possui um cenário propício para o protagonismo que deve ser aproveitado. “A floresta é a maior cultura agrícola do Estado e o nosso ‘fruto’ principal é a madeira. Porém, o segmento florestal é capaz de gerar mais de 5 mil bioprodutos. Tudo que você faz com o petróleo, você faz com a madeira”, afirma a presidente da associação.

De acordo com dados levantados pela associação, apesar de Minas Gerais possuir 2,3 milhões de hectares de florestas cultivadas e estar presente em 811 dos 853 municípios do Estado, ainda ocupa o quinto lugar em volume de produção e valor de produto movimentado no segmento florestal. Enquanto o estado do Paraná que é líder, produz 460 milhões de metros cúbicos (m³) de produtos e movimenta R$ 127 bilhões em valores, Minas Gerais produz 192 milhões de m³ e movimenta R$ 11 bilhões em produtos no segmento.

Adriana Maugeri explica que o Estado é recordista na produção e no consumo de carvão vegetal, um subproduto que possui valor agregado mais baixo que o papel e a celulose – maiores produtos da produção paranaense. Entretanto, acredita que o Estado possui condições propícias para se tornar protagonista e desenvolver a economia verde como novo vetor de crescimento econômico com diversificação e aproveitamento dos novos usos não só da madeira como de outros bioprodutos.

“A floresta plantada é o petróleo invertido. Você não precisa esperar milhares de anos para produzir e ela se renova a cada ciclo de sete anos. Essencialmente, é o carbono que é contido na matéria orgânica, no vegetal, que em decomposição produz o petróleo. Então, se você utiliza processos químicos diversos e diferentes você produz as mesmas coisas”, explica.

Para isso acontecer é necessário investimento em pesquisas, desenvolvimento e inovação, que já é historicamente comuns por aqui. “A indústria florestal possui aplicações que quebram paradigmas. E Minas possui pesquisas avançadas nesse sentido. Temos clones de espécies adaptadas a diferentes regiões do País. A adaptação que a ciência trouxe para estes clones com melhoramento genético contou, principalmente, com tecnologias desenvolvidas nas pesquisas do Estado. Mudas que se adaptam a regiões mais chuvosas, outras às regiões mais secas, por exemplo, estão plantadas em todo o Brasil”, detalha.

A presidente da Amif afirma que o Estado é também o que possui o maior número de faculdades oferecendo a graduação Engenharia Florestal, são 11 no total. O segmento possui apoio de empresas e indústrias locais que investem em pesquisa há mais de 60 anos.

Outra vantagem do Estado é a desburocratização recente dos processos de licenciamento ambiental que vai facilitar a permissão do cultivo das florestas. “Tínhamos dificuldades, rigidez e burocracias desnecessárias para o licenciamento ambiental de áreas florestais. É um erro achar que desmatamos florestas nativas para plantar florestas. Plantamos em áreas degradadas e de forma planejada o que está levando a gente a chamar as florestas desta natureza de florestas ‘pensadas’ e não mais ‘plantadas’ como anteriormente”, afirma.

Quanto à diversidade dos usos das madeiras, ela cita os Estados Unidos e Europa, que já usam a madeira para fazerem edifícios usando um material mais resistente que o próprio aço,. Ela explica que a ciência também já desenvolveu produtos mais resistentes ao fogo, que permite nestas situações o consumo de forma mais lenta. “Não acredito que o uso da madeira vire uma tendência no Brasil, mas são aplicações que podem ser melhores aproveitadas. As oportunidades são inúmeras e acredito que Minas tem como se beneficiar disso”, comenta.

Em São Paulo, por exemplo, uma unidade do Mc Donald’s na avenida Paulista utiliza estrutura de madeira reflorestada visando atributos mais politicamente corretos para suas lojas e “surfa” na onda de projetos alinhadas com o desenvolvimento sustentável.

Impactos vão além do econômico

Além dos impactos econômicos, a floresta plantada pretende contribuir com a inclusão social e o desenvolvimento de comunidades locais de todas as regiões do Estado. “Todos os municípios que possuem base florestal apresentam aumento do índice de desenvolvimento humano (IDH). Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, é um exemplo dessa evolução”, cita.

O desenvolvimento da produção do mel nas áreas florestais plantadas e conservadas sob os cuidados da indústria florestal é outra atividade crescente que tem expandido o número de famílias envolvidas e beneficiadas de maneira positiva.

 

 

Fonte: Diário do Comércio.

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