A cotação internacional do minério de ferro está em queda brusca. O preço do contrato de setembro da commodity mais negociada na bolsa de Dalian, na China, encerrou as negociações dessa segunda-feira (24) com decréscimo de 3,1%, a US$ 109,55 a tonelada, o menor nível em dois meses e meio. Do mesmo modo, na bolsa chinesa de Singapura, o contrato futuro para julho caiu 2,3%, chegando a US$ 102,55, o mais baixo patamar desde o início de abril.

Conforme a economista e doutoranda em Economia no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Diana Chaib, a valorização do dólar foi um dos motivos para o declínio do preço do minério de ferro. Ela explica que a commodity é comercializada em dólar e tornou-se menos atraente para as economias justamente porque a moeda ficou mais “cara” nesse intervalo de tempo.

Mas esse não foi o principal fator para o acentuado declive observado na cotação, segundo a economista. Ela destaca que a redução na demanda chinesa da commodity teve papel preponderante na derrocada, uma vez que o país asiático é o maior consumidor global de minério de ferro e, quando a demanda na região diminui, o preço desvaloriza por consequência.

O sócio e especialista na Valor Investimentos, André Motta, ressalta que o mercado de minério de ferro atravessa um momento delicado já há algum tempo, devido à fraqueza do setor imobiliário chinês. Daniel Teles, outro especialista da empresa, salienta a forte decepção no mercado em razão da falta de estímulos do governo da China à economia, o que impacta a cotação.

Segundo o sócio-diretor da Belo Investment Research, Paulino Oliveira, além de ser influenciado pela crise imobiliária chinesa, o preço do minério de ferro é sensível às mudanças nas taxas de juros. Ele esclarece que houve um aumento relevante nos juros, sobretudo nas economias avançadas, afetando a atividade econômica e, consequentemente, o preço da commodity.

Cenário de incerteza para os próximos meses

Não é possível afirmar qual será o preço médio do minério de ferro no mercado internacional nos próximos meses. A cotação da commodity está sujeita a uma série de variáveis econômicas e políticas que podem influenciar significativamente a trajetória no decorrer do período.

Na avaliação de Oliveira, o atual período de elevação das taxas de juros nas principais economias está próximo do fim, o que indica uma estabilização no preço. “Acredito que esse movimento de alta do juro está chegando ao limite. Então, o preço do minério de ferro deve se estabilizar também. Essa é a expectativa que temos”, disse o sócio-diretor da Belo Investment Research.

Para Teles, a cotação dependerá do comportamento do governo chinês em estimular ou não a atividade econômica. “Vão injetar grana na economia? Vão incentivar a compra para a construção civil voltar a demandar?”, indagou o especialista da Valor Investimentos, explicando que, sob essas circunstâncias, a oferta e demanda se equilibrariam, impactando o preço.

Motta também diz que o futuro é incerto e depende de estímulos do governo. “O cenário é de incerteza, porém, com o ritmo da economia chinesa que temos visto, não se espera nenhuma queda aguda no curto prazo, a não ser que algo fora do radar motive isso”, disse o sócio e especialista da empresa, reiterando que a commodity deve se manter próximo a US$ 100.

Para Diana Chaib, a área imobiliária chinesa é quem pode ditar a recuperação da commodity. “Se o setor se recuperar será fundamental para elevar os preços do minério. Por outro lado, alguns analistas acreditam que o preço já caiu tanto que não deve cair mais”, enfatizou a economista.

Fonte: Diário do Comércio.

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