O faturamento do setor industrial mineiro registrou crescimento de 7,8% em abril frente a março deste ano. A alta é a maior registrada para o mês desde o início da série histórica, que iniciou em 2013. Conforme levantamento da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), cinco das seis variáveis analisadas mostraram elevação e o crescimento é atribuído ao aumento dos pedidos em carteira.

A economista da Fiemg, Ellen Araújo, explica que a resiliência do mercado de trabalho e a elevação da renda das famílias têm contribuído para o aumento da demanda por bens e serviços.

“Ao longo dos últimos meses, fatores como a desaceleração da inflação, o aumento real do salário mínimo, o pagamento de precatórios pelo governo e a redução do endividamento das famílias contribuíram positivamente para elevar o consumo de bens, favorecendo o setor industrial”, afirma.

Além disso, ela ressalta a expansão do crédito e a redução das taxas de juros como importantes motivos beneficiadores para os resultados positivos da indústria mineira. “Principalmente, para as atividades mais dependentes de financiamento como automóveis, construção civil e eletroeletrônicos”, diz.

As horas trabalhadas na produção tiveram alta de 1% e a explicação está na maior concentração de funcionários em férias no mês anterior. Já a utilização da capacidade instalada foi a única variável que recuou no mês, reduzindo 1,6 pontos percentuais e registrando 79,6% da capacidade total, item puxado pela indústria da transformação.

Os índices que refletem o mercado de trabalho mostram que o nível de emprego se manteve estável, com avanço de apenas 0,2%, influenciado pelo segmento extrativo mineral. A massa salarial também registrou pequena alta com acréscimo de rendimento de 0,7%. O pequeno acréscimo contribuiu, de acordo com Ellen Araújo, para o aumento do rendimento real, que foi de 1,3% de março para abril.

No acumulado do ano, a alta do faturamento foi de 4,2% e nos últimos doze meses, de 3,3%.

Crescimento em relação a 2023 foi de 17,8%

Ao confrontar os dados com o mês equivalente do ano anterior, a alta do faturamento foi ainda maior, registrando alta de 17,8%. De acordo com a economista da Fiemg, são dois os motivos desse aumento expressivo de um ano para o outro.

“Um foi esse aumento de pedidos em carteira, que houve no quarto mês deste ano e que superou o aumento de pedidos no mesmo mês do ano passado. O outro é a base de comparação que está baixa, pois, em abril de 2023, o faturamento não performou tão bem e apresentou queda, revelando avanço mais expressivo no faturamento deste ano ao fazer a comparação anual”, comentou.

Perspectivas da indústria para os próximos meses

De acordo com a economista da Fiemg, Ellen Araújo, as expectativas para os próximos meses são positivas e o Estado deve continuar a registrar crescimento, ainda que moderado.

“A elevação da renda das famílias atrelada a acomodação do mercado continuará contribuindo para o consumo. Porém, as enchentes do Rio Grande do Sul poderão repercutir negativamente na atividade industrial mineira”, alertou.

Elle Araújo justifica que Minas Gerais possui importante relação comercial com o Rio Grande do Sul, chegando a movimentar mais de R$ 50 bilhões em negócios. Na análise dela, o segmento de ferro e aço será o setor mais afetado, já que consiste no setor de maior negociação entre os estados.

“Só em 2022, por exemplo, Minas Gerais exportou R$ 23 bilhões para o Rio Grande do Sul e importou R$ 29 bilhões. Então, certamente haverá impacto, e a gente ainda não consegue

dimensionar o quanto”, ponderou.

Fonte: Diário do Comércio.

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