A produção da indústria de Minas Gerais caiu 3,6% em março na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda no parque industrial mineiro foi superior à retração do País, de 2,8%, no período. O resultado representa a terceira maior influência negativa sobre o indicador nacional.

Os economistas da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) apontam que fatores como menor número de dias úteis e desempenho de setores como metalurgia e agropecuária explicam o recuo da produção industrial do Estado.

Assim como no comparativo ano a ano, a produção industrial do Estado também registrou queda em março em relação ao mês anterior, na série com ajuste sazonal (-2,8%). Enquanto isso, a produção industrial brasileira avançou 0,9% na mesma base de comparação.

Já no primeiro trimestre deste ano, o resultado estadual foi de crescimento de 2,2% na produção, enquanto, em âmbito nacional, o setor cresceu 1,9%. E no acumulado dos últimos 12 meses, a indústria nacional teve variação de 0,7% e Minas Gerais alcançou alta de 2,2% na produção industrial.

Dentre as 14 atividades analisadas no Estado, cinco apresentaram crescimento na produção industrial em relação ao mesmo mês do ano anterior. A atividade que mais impactou negativamente o indicador foi a metalurgia.

O segmento teve uma retração produtiva de 9,3% e puxou o desempenho da indústria de Minas Gerais para baixo, seguida das quedas detectadas em produtos químicos (-18,1%) e indústria extrativa (-1,8%). As produções de máquinas e equipamentos (-13,3%) e produtos de borracha e de material plástico (-9,9%) também registraram fortes baixas na comparação ano a ano. Outras nove atividades analisadas pelo IBGE registraram retrações.

Em contrapartida, a fabricação de produtos de metal aumentou 10,7% e não deixou a produção industrial do Estado cair mais. O mesmo ocorreu com os produtos de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com alta de 4,8%, e de celulose, papel e produtos de papel, com 4,3%.

Com relação às outras localidades pesquisadas, o Rio Grande do Norte teve o maior incremento produtivo, de 16,3%. No total, 11 das 18 regiões avaliadas apresentaram queda no indicador. A retração mais significativa foi observada no Paraná, com -12,6%.

Faturamento da indústria também caiu em Minas Gerais

O faturamento e as horas trabalhadas caíram na indústria mineira, segundo dados da Pesquisa Indicadores Industriais de Minas Gerais (Index), divulgado pela Fiemg.

A queda no faturamento real em março frente ao mesmo mês do ano passado foi de 3,1%. Em março frente a fevereiro, o resultado negativo foi ainda maior: -4,2%. O resultado foi impulsionado negativamente pelo segmento de transformação, com queda de 5,5% na comparação ano a ano, enquanto o segmento extrativo mineral aumentou seu faturamento real em 29,3% na mesma base de comparação.

As horas trabalhadas na produção da indústria de Minas Gerais também diminuíram no período (-0,8%), em virtude da maior concentração de férias no mês da indústria extrativa mineral e de transformação. De fevereiro para março, a queda foi de 1,5%.

Com relação aos índices do mercado de trabalho, o nível de emprego cresceu 8% em março na comparação ano a ano. A massa salarial cresceu 3%, enquanto o rendimento médio real registrou queda de 4,6% no mês, influenciados pelo segmento de extração mineral. A utilização da capacidade instalada foi de 80,1% no período.

Queda na produção da indústria não indica tendência

O economista e analista de estudos econômicos da Fiemg, Marcos Marçal, explica que a retração da produção da indústria de Minas Gerais deve-se, em parte, ao menor número de dias úteis – no caso três – em março deste ano comparado a março de 2023.

Além disso, o IBGE também indicou quedas na produção mensal de placas de aço, ouro, ferro e nióbio, que fizeram a produção metalúrgica do Estado cair e impactar o índice. Outro impacto veio da menor produção de inseticidas, no segmento de produtos químicos, ocasionado pelo esperado desempenho inferior da agropecuária este ano, após safra recorde no ano passado.

O economista considera normal uma queda na produção da indústria de Minas Gerais após cinco meses consecutivos de crescimento mês a mês. “Não é um resultado que reverte nenhuma tendência para o longo do ano. No final de 2024 a produção industrial deve apresentar novo crescimento”, pontua. “É natural que após crescer bastante tenha algum ajuste de produção”, completa.

Faturamento

Já a economista e analista de pesquisas econômicas da Fiemg, Ellen Araújo, aponta que a queda no faturamento real de março da indústria foi influenciada, primeiramente, pela redução de pedidos em carteira no segmento de transformação, além da expansão de 9,4% no faturamento de fevereiro. “Essa queda também foi explicada, em certa parte, por essa base de comparação alta”, disse.

A alta base de comparação também justifica o recuo da massa salarial em março, já que no mês anterior houve pagamento de participações de lucros e resultados.

A economista destacou o bom desempenho da indústria de Minas Gerais nos últimos 12 meses, influenciado pela inflação controlada, mercado de trabalho aquecido, redução do endividamento das famílias, aumento real do salário mínimo e o pagamento de precatórios pela União. “Todos esses fatores contribuíram para elevar a renda. E com isso, tem também elevação do consumo e, consequentemente, expansão da atividade industrial”, finaliza Araújo.

 

Fonte: Diário do Comércio.

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