As principais siderúrgicas que atuam no Brasil divulgaram recentemente o balanço do terceiro trimestre e, conforme especialistas do mercado financeiro, a importação de aço prejudicou os negócios de parte das empresas no mercado interno. Os números foram afetados, apesar do recuo de 17,9% nos desembarques do País, entre julho e setembro, ante igual período do ano passado, de acordo com dados do Instituto Aço Brasil (IABr).
Como exemplo do efeito negativo das importações, a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) registrou uma queda de 7% nas vendas internas na comparação anual, enquanto a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) apresentou uma retração de quase 10%. Em relação ao segundo trimestre, as duas empresas reportaram avanços, de 2% e de 4,4%, respectivamente, mas o desempenho do grupo fluminense, por exemplo, decorreu de uma postura mais combativa em termos de precificação para ganho de competitividade.
Por consequência, sobretudo da baixa nas negociações no Brasil, a Usiminas teve, no terceiro trimestre, uma receita líquida de vendas na siderurgia 1,3% inferior à que alcançou no mesmo intervalo de 2024. No caso da CSN, a performance foi 12,4% pior.
Em contrapartida, a Gerdau, que é relativamente menos sensível à importação de aço se comparada a Usiminas e a CSN, por produzir mais aços longos do que planos – principal alvo das compras externas brasileiras –, conseguiu expandir as vendas no mercado interno, não somente no confronto com o trimestre imediatamente anterior, mas também frente ao mesmo período do exercício passado. Os respectivos avanços foram de 7,7% e 3,6%.
O especialista da Valor Investimentos, Virgílio Lage, diz que as importações agravaram os resultados. Ele afirma que o fluxo de material importado “comprimiu preços e margens” das operações das siderúrgicas no Brasil, como as próprias empresas citaram nos relatórios.
Impactos do tarifaço dos Estados Unidos
Conforme o analista de investimentos da AGF, Pedro Galdi, a taxação de 50% dos Estados Unidos (EUA) sobre o aço brasileiro que entra em solo norte-americano também foi fator negativo para os resultados do terceiro trimestre de parte das siderúrgicas que atuam no Brasil. Ele ressalta, porém, que a Usiminas e a CSN buscaram novos mercados para a parcela que exportavam para os norte-americanos, que por sinal não são significativas.
De fato, o grupo mineiro expandiu as vendas externas em 101% em relação a igual intervalo do ano passado e em 6% ante o segundo trimestre. Já a CSN reportou aumento de 4% na comparação trimestral, mas amargou um recuo de 7,7% no confronto anual.
A Gerdau, que não exporta para os EUA, visto que possui operações norte-americanas, ampliou bastante as exportações entre julho e setembro. A empresa registrou alta de 29,5% frente aos mesmos três meses de 2024 e avanço de 70,5% ante o período de abril a junho.
O que esperar dos próximos resultados
Na opinião de Galdi, é esperado que a Usiminas e a CSN continuem reportando “resultados fracos para a siderurgia”, ao passo que a Gerdau “deve continuar sendo beneficiada pelo momento”.
Para o economista e sócio da iHUB Investimentos, Lucas Sharau, o setor siderúrgico “mantém-se como uma perspectiva defensiva dos portfólios de investimento” e o investidor “deve dar preferência para empresas com diversificação geográfica, como aquelas com operação nos Estados Unidos ou em outros países, que possam se beneficiar diante do tarifaço, como a Gerdau, ou que tenham uma cadeia integrada de produção que facilite a sua preeminência nesses momentos de mercado mais tensos, como a CSN”.
Fonte: Diário do comércio.