No acumulado dos oito primeiros meses deste ano, o saldo da balança comercial de Minas Gerais chegou a US$ 17,2 bilhões, o que representa um crescimento de 6% em comparação ao mesmo intervalo do exercício passado.

Economista do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Diana Chaib, analisa como o cenário externo – em especial a China – pode influenciar a balança comercial mineira (leia a análise completa ao fim do texto).

No período, as exportações somaram US$ 28 bilhões, com aumento de 5,2%, e as importações totalizaram US$ 10,8 bilhões, com elevação de 4,1%.

Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Secex/Mdic).

Produtos que impactaram na balança comercial de Minas

Entre janeiro e agosto, as exportações de minério de ferro subiram 11,5% e as de café, 32%, o que contribuiu para o resultado final dos embarques. Os produtos destacados representaram, juntos, 48% das exportações mineiras.

Na outra ponta, a expressiva alta de 76,8% de medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários, foi a grande novidade que contribuiu para o avanço das importações.

Já as aquisições de adubos e fertilizantes e automóveis caíram 14,2% e 6,2%, respectivamente, e ajudaram a segurar o resultado.

China e Estados Unidos foram os principais parceiros comerciais do Estado

De acordo com os dados de balança comercial da Secex/Mdic, os principais destinos das exportações e origem das importações de Minas Gerais foram a China e os Estados Unidos.

A participação dos chineses nos embarques do Estado chegou a 41,3% em agosto e a dos americanos somou 9,5%.

Do lado das compras, o primeiro país correspondeu a 25,6% do total, enquanto o segundo, 12,2%.

Saldo de agosto diminuiu 22%: exportação de minério cai, enquanto carne de aves tem alta significativa

Apenas no oitavo mês de 2024, o saldo da balança comercial de Minas Gerais atingiu US$ 1,64 bilhão, uma queda de 22,1% em relação a agosto de 2023. Os dados também mostram que, no período, os embarques totalizaram US$ 3,3 bilhões, uma redução de 3,7% na comparação ano a ano, e as importações chegaram a US$ 1,69 bilhão, o que representa uma elevação de 25,1%.

Em agosto, as exportações de minério de ferro caíram 13,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior, enquanto as de café e carnes subiram, respectivamente, 16% e 62%, e colaboraram para o resultado dos embarques. O Estado foi o terceiro maior exportador do País, com participação de 11,5%. A exportação de carne no mês foi impulsionada, sobretudo, pela expressiva alta de 282% na venda de carnes de aves para o exterior.

As remessas de produtos siderúrgicos ao exterior subiram 3,7% e as de açúcares caíram 23,6%. Esses cinco itens juntos corresponderam a mais de 70% das exportações de Minas Gerais em agosto, com destaque para a participação do minério de ferro, com 29,4%.

Na comparação anual do mês, as importações de medicamentos e produtos farmacêuticos, exceto veterinários, registraram um crescimento bastante alto, de 225%.

As compras de máquinas e equipamentos cresceram 31,2%, automóveis, 27,5%, máquinas e aparelhos elétricos, 9,9%, adubos, 8%, e produtos químicos orgânicos, 32,7%. Esses cinco produtos alcançaram mais de 50% do valor total importado em agosto.

Preço do minério na China pode derrubar exportações de Minas Gerais

Diana Chaib afirma que a alta da exportação do café decorre do aumento no seu preço no exterior devido a uma queda na produção. Por um lado, a demanda pelo produto aumentou, impulsionado pelo consumo aquecido no Brasil. Por outro, a oferta diminuiu.

“Problemas climáticos, que temos visto com cada vez mais frequência, afetam a oferta de café, faz tornar o produto mais escasso e favorece o preço dele no mercado internacional”, conta.

Já o principal produto exportado por Minas Gerais – o minério de ferro – tem sofrido com as dificuldades da economia chinesa, aponta a economista da UFMG. “A China é o maior consumidor do minério e vem apresentando, nos últimos meses, uma série de indicadores relacionados ao mercado imobiliário do país que não são nada otimistas”. disse.

Uma redução nas exportações do mineral já foi sentida em agosto, o que ajudou a puxar a balança comercial para baixo. Caso o cenário de queda do valor do mineral no mercado chinês não seja revertido nos próximos meses, o desempenho das exportações mineiras pode piorar.

“Com certeza isso pode puxar a balança comercial de Minas Gerais pra baixo, ou seja, fazer uma pressão negativa sobre o resultado comercial do Estado, porque o minério de ferro é um produto muito representativo da nossa pauta de exportações”, finaliza Chaib.

 

Fonte: Diário do Comércio.

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