A Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) vai emitir R$ 1,6 bilhão em debêntures, com os recursos voltados para o refinanciamento de dívida, conforme ata de reunião extraordinária do Conselho de Administração, publicada nesta quarta-feira (28).

De acordo com o comunicado do grupo siderúrgico, a 10ª emissão de debêntures da Usiminas será feita em três séries com vencimentos entre cinco e dez anos. Os papéis não serão conversíveis em ação. A operação terá como data de emissão 19 de setembro.

Além disso, o valor Inicial da Emissão poderá ser aumentado em até 25%, caso haja exercício, total ou parcial, da opção de lote adicional, informou a empresa.

De acordo com o último balanço financeiro divulgado pela Usiminas, a dívida líquida da companhia atingiu R$ 998 milhões no final do segundo trimestre, ante R$ 310 milhões no período imediatamente anterior. A empresa explica que o resultado foi afetado pela variação cambial.

Já o indicador dívida líquida/Ebitda encerrou o segundo trimestre em 0,79 vezes, aponta o balanço de resultados da empresa.

Impasse na Justiça

A Usiminas segue envolvida num imbróglio judicial, que envolve o grupo ítalo-argentino Ternium e a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) favoreceu a CSN em um litígio envolvendo uma multa de R$ 5 bilhões a ser paga pela Ternium.

A situação vem causando preocupações na região do Vale do Aço, em Minas. O motivo é que a Ternium informou que se prevalecer o resultado do último julgamento, a empresa vai rever futuros investimentos no Brasil, incluindo aqueles que seriam destinados à unidade da Usiminas em Ipatinga.

Outro receio tem a ver com a possível insegurança jurídica no ambiente de negócios provocada a partir do parecer do Poder Judiciário, uma vez que o veredito foi diferente do que geralmente acontece em casos de disputas societárias.

No começo deste mês, no dia 6, o presidente do grupo Techint/Ternium, Paolo Rocca, afirmou que a multa de R$ 5 bilhões determinada pela Justiça brasileira em função da compra de ações da Usiminas é três vezes maior que o valor da participação acionária da multinacional na siderúrgica mineira. A informação foi dada durante o Congresso Aço Brasil, em São Paulo.

Dias antes, em 29 de julho, a Usiminas declarou que a CSN não cumpriu decisão da Justiça Federal de Minas Gerais de reduzir sua participação acionária na Usiminas até o dia 10 de julho, prazo estipulado pelo Judiciário, de acordo com o determinado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O motivo foi a concentração na indústria de siderurgia, em especial, no mercado de aço. Na ocasião, o prazo estabelecido foi de cinco anos para que ocorresse essa venda.

Nos bastidores, a Usiminas enxerga a manutenção de ações pela CSN como uma ameaça potencial à integridade competitiva do mercado.

 

 

Fonte: Diário do Comércio.

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