As usinas siderúrgicas devem enfrentar dificuldades para implementar as novas altas de preços anunciadas recentemente, de acordo com Instituto Nacional dos Distribuidores de Aços Planos (Inda). Isso porque o preço do aço plano no Brasil continua sendo impactado pelas importações, sobretudo, da China, segundo o presidente da entidade, Carlos Loureiro.

Previstas para impactar o setor no segundo semestre, as cotas e o aumento das tarifas de importação ainda não foram suficientes para estabilizar o mercado. Conforme os dados apresentados pelo Instituto, a alta de importação para o mês de julho foi de 8,45%, passando de 202,2 mil toneladas para 219,2 mil. No acumulado do ano, o acréscimo é de 19,8%, somando 1,5 milhão de toneladas.

A expectativa é que as importações diminuam ao serem impactadas pelas medidas de defesa comercial e fechem próximo do “0 a 0”, de acordo com Loureiro. “Não podemos esquecer que ano passado houve recorde de importação. Dessa forma, meu sentimento é que chegaremos a um crescimento de 0 a 5% este ano”, explica.

Segundo o Inda, são muitas as variáveis que ditarão o futuro das importações: desde preços da matéria-prima à variação do dólar, passando por preços externos e, principalmente, o desempenho chinês. “Na medida em que a China está em desespero de venda, já que o mercado de lá está encolhendo, eles vão forçar bastante a venda para fora, o que é um problema para o Brasil”, disse Loureiro.

Preços das matérias-primas caem no mercado internacional e reduzem preço do aço

A queda do custo das matérias-primas impactam diretamente no preço de venda do aço. “É uma queda quase paralela, fazendo com que o spread (US$/ton) entre carvão e minério e o preço de venda fique praticamente estável, mostrando que a eventual vantagem que as usinas chinesas estão tendo com relação ao menor custo de carbono e minério está sendo repassado para o mercado”, explica o presidente do Inda.

Carlos Loureiro lembra que o Brasil exporta mais de 90% da China, e que os preços de lá estão “imbatíveis”, sendo trabalhados abaixo do preço marginal, que é o custo direto da produção, esquecendo depreciação e custo de capital. Na visão de Loureiro, isso é “claramente um dumping”, e dificulta o desempenho das usinas brasileiras.

Com isso, as usinas brasileiras são forçadas a anunciar o aumento, como o caso da CSN, que anunciou alta de 5% no preço praticado a partir do dia 1º de setembro. Entretanto, na opinião do presidente da entidade, as empresas brasileiras terão dificuldade de implantar a alta. “Depende muito da necessidade delas: até que ponto estão mais dispostas a perder algum mercado e implantar preço do que eventualmente tentar barrar as importações somente via preço”, diz.

Desempenho em julho é de queda nas vendas

De acordo com os dados do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aços Planos, o setor encerrou o mês de julho com queda nas compras (1%) e nas vendas (0,9%) se comparado ao mês de junho. O desempenho está dentro do previsto pelos distribuidores, que mantêm a previsão de crescimento de 3% para o ano.

De acordo com os dados, as compras em julho registraram queda de 1% perante junho, com volume total de 349,5 mil toneladas contra 352,9 mil. Frente a julho do ano passado (301,8 mil toneladas), a alta foi de 15,8%.

As vendas de aços planos em julho contabilizaram queda de 0,9% quando comparada ao mês anterior, alcançando o volume de 335,7 mil toneladas contra 338,7 mil. Já em comparação ao mesmo mês do ano passado, quando foram vendidas 310,2 mil toneladas, a alta foi de 8,2%.

Conforme o presidente do Inda, Carlos Jorge Loureiro, o aumento está dentro das expectativas. Ele ressalta que apesar dos registros de queda, quando observados os dados do acumulado do ano, o desempenho está dentro do previsto. “O crescimento das vendas no acumulado do ano, de janeiro a julho, é de 3%, que é o que a gente está imaginando que seja nosso crescimento para o ano todo”.

Sobre o volume de vendas diárias, o número não alcançou o volume do mês passado, mas o presidente fez questão de ressaltar que em junho deste ano, as vendas bateram recorde no Brasil, superando a última grande marca registrada em 2015 (12,3 mil toneladas), alcançando 16,9 mil toneladas. Em julho, foram 14,6 mil toneladas por dia.

Apesar da instabilidade dos preços, os estoques estão dentro do que é considerado ideal. Em número absoluto, o estoque de julho obteve alta de 1,5% em relação ao mês anterior, atingindo o montante de 943,3 mil toneladas contra 929,5 mil, fechando o giro em 2,8 meses. “Está havendo uma certa disciplina dos distribuidores, não deixando que o estoque suba demais”, disse o presidente do Inda.

 

 

Fonte: Diário do Comércio.

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