A importação de aço no País deve cair de 1 milhão a 1,5 milhão de toneladas neste ano, segundo estimativa do Instituto Aço Brasil — entidade representativa das siderúrgicas nacionais. O motivo é o sistema de controle de importação que o Brasil passou a adotar neste mês, resultado de quase 10 meses de negociações com o governo federal.

“O aço que vai deixar de ser importado vai representar uma recuperação de market share do setor”, destacou o presidente executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (18).

No último dia 1º, entraram em vigor medidas aprovadas pelo Comitê Executivo de Comércio Exterior (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex), com a implementação do mecanismo cota-tarifa, visando conter a alta das importações de 11 nomenclaturas comum do Mercosul (NCMs) de produtos siderúrgicos, aprovadas em abril. Dessas NCMs, nove se referem a itens produzidos por empresas associadas ao Aço Brasil e responderam por 43,1% das importações de produtos siderúrgicos em 2023.

Conforme informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), a recente criação de cotas de importação para 11 produtos do aço, tem validade de 12 meses. Dentro das cotas, as compras internacionais continuam recolhendo entre 10,8% e 14,4% de imposto de importação; acima do limite, a tarifa passa para 25%.

Para o presidente do conselho diretor do Aço Brasil e presidente da ArcelorMittal Brasil, além de CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração Latam, Jefferson De Paula, os efeitos das medidas devem ser sentidos já no segundo semestre deste ano. “Só que não vai ser 100% do que a gente espera. A medida é importante, mas não é suficiente, o Brasil também precisa crescer para aumentar o consumo de aço”, observa.

“Conseguimos aprovar um sistema moderno, que Estados Unidos e União Europeia utilizam, e que vai ser acompanhado de perto pelo governo e pelo Instituto Aço Brasil”, destacou o presidente executivo da entidade, que já solicitou uma reunião com o Gecex para a próxima semana. Ele disse que a ideia é manter reuniões constantes com o governo para acompanhar o desenvolvimento do sistema de tarifas e cotas.

As medidas estão relacionadas ao impacto do crescimento das importações, em especial, da China, que vem jogando o setor siderúrgico brasileiro em uma crise. Desde o ano passado, empresas estão adotando medidas para reduzir o ritmo de produção e até mesmo postergando investimentos.

De acordo com o Instituto Aço Brasil, a escalada das importações de produtos siderúrgicos, verificada desde o terceiro trimestre de 2022, trouxe reflexos negativos ao desempenho da indústria de siderurgia nos primeiros meses de 2024. Nos primeiros cinco meses deste ano, as importações de produtos siderúrgicos avançaram 26,4% frente ao mesmo intervalo de 2023, atingindo 2,3 milhões de toneladas.

Com a perspectiva de que as medidas estabelecidas pelo governo sejam eficazes, a entidade revisou suas projeções para 2024, em relação ao divulgado em novembro de 2023. A previsão de produção de aço bruto, por exemplo, deve crescer 0,7%, com 32,2 milhões de toneladas, frente a previsão anterior de queda de 3%.

As vendas internas devem crescer 2,5%, totalizando 20 milhões de toneladas, ante previsão anterior de recuo de 6%. Já para as exportações a entidade prevê recuo de 4,2% (11,2 milhões de toneladas), enquanto a previsão anterior era de alta de 1,3%. As importações devem ter queda de 7% (4,7 milhões de toneladas), ante previsão anterior de crescimento de 20%. Já a previsão de consumo aparente foi mantida, com alta de 1%, o que significa 24,2 milhões de toneladas, mantida.

Produção de aço em Minas cai em maio

A produção mineira de aço bruto manteve a liderança nacional em maio deste ano, com 29,7% do total produzido, segundo dados divulgados nesta terça-feira (18) pelo Instituto Aço Brasil. Entretanto, o desempenho do quinto mês de 2024 foi 1% menor que o verificado em igual mês do ano anterior, totalizando 768 mil toneladas.

O resultado de maio foi inferior à produção de aço bruto das siderúrgicas do Estado em abril deste ano, quando foram contabilizadas 859 mil toneladas. A produção de abril de 2024 foi 3,5% superior em relação a abril de 2023.

Em maio, a produção brasileira de aço bruto foi de 2,6 milhões de toneladas, uma redução bem mais expressiva que a mineira, já que o recuo frente ao apurado em maio de 2023 foi de 7,4%

Nos cinco meses deste ano, 4,087 milhões de toneladas do insumo foram produzidos no Estado, o que significou alta de 0,9% na comparação com o mesmo intervalo do exercício passado. Neste tipo de análise, Minas Gerais respondeu por 30,1% da produção, seguido pelo vizinho Rio de Janeiro, com 26% do total.

Em igual análise, a produção brasileira de aço bruto no País chegou a 13,6 milhões de toneladas, o que representou um aumento de 0,6% frente ao acumulado de janeiro a maio de 2023.

Também no segmento de semiacabados para venda e laminados, Minas Gerais se manteve na liderança nacional na produção de maio, num total de 757 mil toneladas, sendo responsável por 30,9% do total nacional. Assim como o aço bruto, a produção dessa categoria de produtos foi 2,2% mais baixa que a verificada em igual mês de 2023.

No resultado nacional, a produção de laminados chegou a 1,9 milhão de toneladas, 1,9% inferior à registrada em maio de 2023. A produção de semiacabados para vendas foi de 586 mil toneladas, queda de 37,6% em relação ao ocorrido no mesmo mês do ano anterior.

O desempenho negativo foi verificado também no acumulado do ano até maio em Minas. A queda foi de 1,9% na comparação com o apurado no acumulado dos cinco primeiros meses de 2023. Foram produzidas 3,817 milhões de toneladas, o que garantiu 29,4% de participação.

Nesse período, a produção de laminados no País foi de 9,6 milhões de toneladas, crescimento de 3,2% em relação ao registrado em igual acumulado de 2023. E a produção brasileira de semiacabados para vendas totalizou 3,4 milhões de toneladas de janeiro a maio de 2024, uma redução de 14,6% na mesma base de comparação.

 

Fonte: Diário do Comércio.

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