A Gerdau anunciou nesta segunda-feira (27) a suspensão das atividades da usina de Barão de Cocais, na região Central de Minas Gerais. A siderúrgica gaúcha informou que está implementando “a hibernação da unidade”, o que resultará na paralisação das operações.

Em nota enviada à reportagem, a companhia afirmou que a decisão foi resultado de uma profunda análise da competitividade da planta em relação às condições do mercado de aço no Brasil. “Os custos elevados de matérias-primas e a insuficiência da produção de minério de ferro próprio, em Minas Gerais, somados a uma estrutura com menor nível de atualização tecnológica da usina, estão afetando diretamente a competitividade da unidade frente ao cenário desafiador do setor. A medida está em linha com o planejamento estratégico da empresa de otimização de ativos”, disse.

Informações do Sindicato dos Metalúrgicos de Barão de Cocais à imprensa local dão conta de que 487 funcionários foram demitidos. E que o impacto na cidade pode ser ainda maior, atingindo mil trabalhadores quando considerados os empregados de empresas terceirizadas. A Gerdau não deu detalhes sobre as demissões.

No comunicado, a siderúrgica ressaltou que está empenhada em conduzir o processo de “hibernação” da usina de forma humanizada, visando minimizar os impactos aos colaboradores e as comunidades próximas. O grupo reiterou que buscará realocar o máximo possível de profissionais em outras unidades e oferecerá programas de capacitação na área industrial, além de promover a gestão com foco em empreendedorismo para a população do entorno da usina.

A Gerdau reforçou ainda que “segue com a manutenção de um diálogo aberto e transparente com todas as partes interessadas e que o atendimento aos clientes se manterá inalterado”.

Menor produção e demissões

Desde o ano passado, a Gerdau e outras siderúrgicas com operações no Brasil enfrentam problemas que acarretam baixas nos resultados, demissões e redução no volume produtivo. O principal motivo é a entrada de aço chinês, que dominou o mercado nacional.

Dados do Instituto Aço Brasil mostram que 5 milhões de toneladas de aço entraram no território brasileiro em 2023, aumento de 50% frente a 2022. Neste ano, o nível de importados segue crescendo, sendo que, em abril, as importações atingiram 449 mil toneladas, patamar acima da média mensal do último exercício, de 419 mil toneladas, segundo a entidade.

Com importações recordes, a companhia gaúcha tomou medidas para diminuir prejuízos e sustentar os negócios. Houve o recuo na produção de várias usinas – de Norte a Sul do País –, paralisação de outras unidades e a dispensa de mais de 700 funcionários, além das suspensões temporárias de contratos de trabalho e as turmas que entraram em férias coletivas.

No que diz respeito aos resultados financeiros, o lucro líquido da companhia recuou 41% no ano passado, no confronto com igual período anterior, para R$ 6,9 bilhões, por reflexo da situação adversa. No primeiro trimestre deste ano, a forte pressão continuou e o lucro foi reduzido em 48%, para R$ 1,2 bilhão, na comparação com os primeiros três meses de 2023.

Recentemente, o governo federal, na tentativa de diminuir o excesso de aço importado e ajudar as siderúrgicas, estabeleceu cotas de importação para 11 produtos siderúrgicos e elevou para 25% a alíquota sobre o excedente. A norma entrará em vigor em 1º de junho, com validade de 12 meses.

O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, reconheceu a importância da medida, mas disse que é apenas um passo inicial e que não resolve totalmente os problemas do setor. Para ele, é necessária uma solução estrutural, que passa por debates mais amplos, como o de redução dos preços do gás.

Fonte: Diário do Comércio.

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