O superávit da balança comercial de Minas Gerais no acumulado do ano até novembro chegou a US$ 23,028 bilhões, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). O resultado foi proveniente de US$ 38,588 bilhões de exportações e US$ 15,560 bilhões de importações.
O saldo é o segundo mais alto no período de 2020 a 2024, inferior apenas ao superávit de US$ 23,6 bilhões alcançado em 2021, conforme informações da Fundação João Pinheiro (FJP). Em igual período do ano passado, o superávit mineiro foi de US$ 22,4 bilhões.
A coordenadora da Coordenação de Análise Insumo-Produto da FJP, Carla Aguilar, diz que, diante do desempenho do comércio exterior ao longo deste ano, o resultado era esperado. “O que chamou a atenção foi a questão da valorização do café e o aumento do volume vendido de minério de ferro”, observa.
De janeiro a novembro de 2024, as exportações mineiras cresceram 5,2% e as importações 8,7% na comparação com igual intervalo do ano anterior. Nesse período, o valor exportado de minério de ferro permaneceu estável, enquanto o volume vendido registrou crescimento de 10,1%.
Já o valor exportado de café avançou 43,6%, bem acima do incremento de 24,6% do volume exportado. A participação desses produtos representou quase 50% da pauta mineira, de acordo com a FJP.
Nas importações, o crescimento de 8,7% foi resultado do aumento das compras de máquinas e equipamentos mecânicos (+24%); máquinas e equipamentos elétricos (+2,9%) e veículos automóveis (+3,6%). Esses produtos representaram cerca de 40% da pauta.
Já o desempenho do País foi diferente no acumulado do ano, já que o saldo foi 22% menor que o verificado nos 11 meses de 2023 e está próximo da estimativa do Mdic para 2024. O superávit brasileiro foi de US$ 69,856 bilhões.
Para a especialista, o ritmo dos negócios internacionais de Minas Gerais deve se manter em dezembro e para 2025 a perspectiva é de bons resultados. “Esperamos que o superávit se mantenha ao longo do próximo ano. Só que há uma ressalva, que é o cenário internacional ainda incerto”, diz.
Apesar dos resultados positivos, Carla Aguilar ressalta que as importações mineiras estão crescendo num ritmo um pouco mais acelerado do que as exportações. “Se destacam nessas importações os bens de capital, que devem ampliar a nossa capacidade produtiva, só que isso demora um pouco para acontecer internamente”, observa.
Análise da balança comercial de Minas Gerais em novembro
Em Minas, no penúltimo mês de 2024, o superávit foi de US$ 1,9 bilhão, com as exportações tendo alcançado US$ 3,3 bilhões, e as importações, US$ 1,4 bilhão. Na análise por produto, comparando com 2023, as exportações de minério de ferro recuaram 29%; as de produtos siderúrgicos, 24,1%; e as de açúcares, 27,9%.
No sentido contrário, as exportações de café apresentaram alta de 81,1%; as de ouro, 136,7%. Esses cinco produtos juntos, conforme informações da FJP, corresponderam a mais de 70% das vendas externas do mês, com destaque para a participação do café (29,5%) e do minério de ferro (24,3%).
No que se refere às importações, a de adubos (fertilizantes) teve queda 29,8%. Por outro lado, houve avanços nas compras mineiras de veículos automóveis de 8,7%; máquinas e equipamentos mecânicos, 61,1%; máquinas e aparelhos elétricos, 5,1%; produtos químicos orgânicos, 80,6%. Esses produtos alcançaram mais de 50% do valor total das importações no penúltimo mês de 2024.
O professor de Ciências Contábeis e diretor da unidade Floresta da Estácio, Alisson Batista, observa que os dois principais parceiros comerciais dos produtos mineiros continuam sendo a China e os Estados Unidos. Em novembro, o país asiático foi o destino das exportações de 25,4% (US$ 843 milhões) das exportações, seguido pelos Estados Unidos, com participação de 14,2% (US$ 472 milhões). No que se refere às importações, China e Argentina foram as principais origens, com participações de 27,4% e 10,6%, respectivamente.
Carla Aguilar destaca que o desempenho dos dois principais parceiros comerciais de Minas Gerais deve interferir no resultado do Estado no próximo ano. “É esperada uma desaceleração da economia chinesa em 2025, só que não se sabe em que grau vai acontecer essa desaceleração. No caso dos Estados Unidos, se fala em aumento de tarifas, o que pode reduzir um pouco a corrente de comércio. Tudo isso vai depender de decisões e de como vai caminhar a economia no ano que vem”, analisa.
No resultado nacional de novembro, o Brasil registrou superávit comercial de US$ 7,030 bilhões, novamente inferior na comparação com igual mês do exercício passado, com recuo de 20%.
Fonte: Diário do Comércio.