No cenário global atual, marcado por uma crescente conscientização ambiental e exigências mais rigorosas em relação à sustentabilidade, as empresas da área de mineração estão se voltando para práticas mais sustentáveis. Nesse sentido, um dos principais focos das mineradoras é a redução da “pegada de carbono” e, por isso, estão apostando e investindo na produção de minérios “verdes”.
A Vale, por exemplo, desenvolveu o briquete de minério de ferro, que tem potencial de revolucionar a siderurgia, um dos setores que mais emitem gases de efeito estufa (GEE). Segundo a empresa, o produto é capaz de reduzir em até 10% as emissões no alto-forno e pode possibilitar, no futuro, a produção de aço de zero emissão – quando o hidrogênio verde estiver disponível.
Desenvolvido com base na aglomeração de minério de ferro de alta qualidade a baixas temperaturas, o produto inovador foi apresentado ao mercado em 2021. Resultado de 20 anos de pesquisa da companhia no Centro Tecnológico de Ferrosos (CTF), em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), dispensa o uso de água na sua fabricação.
A primeira planta de briquete de minério de ferro do mundo foi inaugurada pela Vale em dezembro do ano passado, totalizando investimento de R$ 1,2 bilhão. A unidade fica localizada no complexo de Tubarão, em Vitória, Espírito Santo. A previsão da mineradora é de produzir, a partir de 2030, 100 milhões de toneladas de aglomerados, o que inclui briquetes e pelotas.
Mega Hubs e minério com alto teor de ferro
Para ajudar na descarbonização do setor siderúrgico e da economia como um todo, a empresa também desenvolve soluções em parcerias com os clientes. Exemplo disso são os Mega Hubs, complexos industriais onde a companhia vai concentrar o minério de ferro e produzir briquetes que servirão de insumo para a produção de HBI (hot-briquetted iron) por parceiros.
Também conhecido como ferro-esponja, o HBI pode ser usado para a fabricação de aço de baixa emissão pela rota de redução direta, baseada nos fornos elétricos a arco. Se for utilizado gás natural no forno, a emissão de CO2 é aproximadamente 60% menor do que na produção de ferro-gusa através da rota integrada BF-BOF (alto-forno). No futuro, a substituição de gás natural por hidrogênio e a utilização de energia renovável poderão eliminar as emissões de carbono.
Adicionalmente, a Vale estabeleceu a meta de diminuir em 15% suas emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor (o que inclui os clientes siderúrgicos) até 2035. A companhia busca alcançar esse objetivo justamente com minério de alta qualidade, inovação e parcerias.
O minério de alta qualidade fornecido pela mineradora para produção de aço contribui para aumentar a eficiência do processo e, dessa forma, reduzir as emissões de CO2 nas usinas siderúrgicas. O teor médio de ferro atual da produção é 62,5%. A empresa pretende chegar a 64% após 2030. A operação na cidade de Carajás, no estado do Pará, tem 6 bilhões de toneladas em reservas com aproximadamente 66% de teor de ferro e baixo teor de impurezas.
Cedro Mineração planeja investir R$ 8 bilhões na produção de minério sustentável
Recentemente, a Cedro Mineração revelou que deve investir R$ 8 bilhões nos próximos quatro anos para produzir um minério de ferro mais sustentável. A mineradora pretende focar na produção de pellet feed, um produto mais fino, com maior concentração de ferro e menos sílica, o que ajuda a diminuir as emissões de gases de efeito estufa quando utilizado pela siderurgia.
Atualmente, a empresa não produz pellet feed. A companhia extrai 7 milhões de toneladas de minério em Nova Lima (RMBH) e Mariana, na região Central. A ideia é alcançar em 2028 uma produção de 20 milhões de toneladas nas duas operações, sendo 70% do novo produto.
Fonte: Diário do Comércio.