A produção da indústria mineira voltou a subir em julho, após queda registrada em junho. No mês, o índice foi de 50,7 pontos, acima dos 50, a fronteira entre recuo e expansão. O indicador apresentou aumento de 4,7 pontos na comparação com junho (46 pontos), mas recuou 4,2 pontos em relação a julho de 2024 (54,9 pontos). Os dados são da pesquisa Sondagem Industrial, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

O índice de evolução do número de empregados, com 47,8 pontos, também mostrou queda do emprego no setor industrial do Estado durante o mês. O indicador apresentou leve retração em relação a junho (48,4 pontos) e caiu 2 pontos frente a julho de 2024 (49,8 pontos).

Já a utilização da capacidade instalada efetiva em relação à usual marcou 44,4 pontos em julho e ficou abaixo dos 50 pontos, o que indica que as empresas operaram com capacidade produtiva inferior à habitual do mês. O índice aumentou 2,6 pontos frente a junho (41,8 pontos), mas recuou 3,7 pontos em relação a julho de 2024 (48,1 pontos). O resultado ficou 2,3 pontos acima da média histórica (42,1 pontos).

levantamento da Fiemg aponta ainda que os estoques de produtos finais aumentaram no sétimo mês do ano. O índice registrou 50,5 pontos – acima dos 50 pontos que indicam aumento nos estoques. O resultado é levemente acima do nível esperado pela indústria, de 50,4 pontos, o que indica uma demanda por bens adequada acima do planejado em Minas Gerais.

Expectativas de demanda e investimentos da indústria de Minas

A expectativa de demanda registrou 50,8 pontos em agosto e mostra perspectiva de elevação da demanda nos próximos seis meses, pelo oitavo mês consecutivo, ao ficar acima dos 50 pontos. O indicador retraiu 3,3 pontos na comparação com julho (54,1 pontos) e caiu 6,1 pontos ante agosto de 2024 (56,9 pontos). Foi o menor resultado registrado para este mês nos últimos dez anos.

Com relação às expectativas da indústria de Minas Gerais para os próximos seis meses, a compra de matérias-primas marcou 50,6 pontos em agosto, uma queda de 1,8 ponto em relação a julho (52,4 pontos) e de 4 pontos em relação a agosto de 2024 (54,6 pontos). Este resultado foi o menor apurado para o mês de agosto nos últimos nove anos.

O índice de expectativa de número de empregados registrou 48,1 pontos no mês e sinaliza recuo do emprego industrial no Estado nos próximos seis meses, após sinalizar alta neste quesito por seis meses consecutivos. A intenção de investimento marcou 56,2 pontos, retração de 3,2 pontos frente a julho (59,4 pontos) e de 5,1 pontos ante o apurado em agosto de 2024 (61,3 pontos).

Cenário para indústria é de cautela com desaceleração econômica no segundo semestre

A economista da Fiemg Daniela Muniz explica que a alta na produção da indústria mineira deve-se principalmente ao maior número de dias úteis em julho, que gerou impacto relevante na variação mensal, enquanto houve retração na comparação ano a ano. “A gente vê uma melhora pontual, mas não podemos falar em recuperação sustentada, justamente porque quando a gente considera em relação a julho de 2024, o índice recuou”, diz.

Inclusive, ela destaca que os índices de expectativa de demanda e de compra de matéria-prima, apesar de estarem acima dos 50 pontos, são os mais baixos para o mês em dez e nove anos, respectivamente. O indicador de expectativa do número de empregados, já com perspectiva de queda, no menor valor para o mês em oito anos, mostra uma moderação do otimismo dos empresários para os próximos meses em relação a anos anteriores.

Além disso, a economista avalia que o nível de estoques acima do planejado em julho é um indicativo de que pode haver retração na produção da indústria de Minas nos próximos meses, uma vez que o acúmulo de estoque tende a limitar a produção. Para a segunda metade do ano, o cenário é de cautela, afirma, com a esperada desaceleração da atividade econômica.

Daniela Muniz destaca fatores positivos para a indústria como resiliência da produção em julho, mercado de trabalho ainda aquecido e manutenção de expectativas de demanda e matéria-prima acima da fronteira entre recuo e expansão, mas ressalta que até mesmo essas expectativas estão em ritmo de queda. “Isso tudo sugere que a recuperação deve ser gradual e sujeita às condições de demanda doméstica e externa, ou seja, ela ainda não está clara”, conclui.

 

 

Fonte: Diário do Comércio.

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