Pelo segundo mês consecutivo, a indústria em Minas Gerais apresentou retração no faturamento real. Em janeiro, o setor recuou 2,3% frente a dezembro, impulsionado por fatores sazonais, que impactaram na redução de horas trabalhadas em decorrência do menor volume de pedidos no segmento de transformação.
Em contrapartida, na comparação com o primeiro mês de 2024, a indústria apresentou aumento de 10,1% no faturamento e 3,1% na geração de empregos formais. Os dados fazem parte da pesquisa Indicadores Industriais, realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
De acordo com a economista da Fiemg, Daniela Muniz, após o pico de faturamento em outubro, meses como dezembro e janeiro apresentam normalmente resultados tímidos para a indústria. A redução na demanda impactou em um recuo de 1% nas horas trabalhadas, explicado pela alta concentração de férias e pela diminuição das horas extras realizadas em janeiro.
Apesar disso, o mercado de trabalho segue resiliente, com crescimento de 2,4% em janeiro. A expansão, que gerou 12,2 mil vagas de trabalho formais, foi impulsionada por reestruturações dentro das empresas e contribuiu para o crescimento da massa salarial.
Nos últimos 12 meses, o levantamento indica que a indústria mineira segue com resultados majoritariamente positivos e crescimento de 5% no faturamento. Também em alta, a massa salarial, as horas trabalhadas na produção e o emprego registraram avanços de 2%, 2,2% e 2,7% respectivamente – fruto de avanços em investimentos em um período de intensa demanda interna e fortes políticas fiscais expansionistas.
Os resultados até então, segundo Daniela Muniz, estão melhores que o imaginado e o mercado tem se surpreendido com ritmo de criação de vagas, mostrando a resiliência da indústria em Minas Gerais. “Os índices de faturamento e mercado de trabalho continuam aquecidos, o que mostra que este primeiro trimestre deve continuar aquecido”, destaca.
Apesar da inflação crescente, valorização do câmbio e deflação de produtos agrícolas resgatam otimismo
Para 2025, a expectativa é de um cenário complexo em decorrência de contextos econômicos como a aceleração da inflação, que superou 5% nos últimos 12 meses e em fevereiro atingiu o valor mais alto para o mês em 22 anos. Com o crescente cenário inflacionário, a Taxa Básica de Juros (Selic) deve avançar ainda mais neste ano, dificultando o acesso ao crédito, especialmente para pequenas e médias empresas, reduzindo as intenções de novos investimentos.
Para esta quarta-feira (19), espera-se um aumento de 1 ponto percentual na taxa durante a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, atingindo a marca de 14,25% ao ano. “Isso deve impactar negativamente alguns setores, como bens duráveis e o investimento em capital fixo, já que o índice de confiança dos empresários e do consumidor estão caindo, o que reforça uma demanda mais contida”, explica a economista.
Por outro lado, o otimismo de um menor impacto para indústria em Minas Gerais prevalece com indicadores favoráveis notados nos últimos meses, como a recente valorização câmbio e a deflação de produtos agrícolas. “Estamos com expectativa de safra recorde, o que reduz a pressão sobre preços e alivia custos, além de novas medidas de estímulo à economia, como a criação de linhas de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, o que pode ajudar a atenuar a inflação”, conclui a economista.
Fonte: Diário do Comércio.