O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais cresceu 2,8% no acumulado do ano até o terceiro trimestre. Entre os setores que impulsionaram o incremento no período está a indústria, com alta de 4,2% no período. Por outro lado, a agropecuária, afetada pelas mudanças climáticas, e alguns segmentos de serviços fizeram com que o desempenho no Estado ficasse abaixo da média nacional no período, quando cresceu 3,3%.
Os resultados da economia mineira no terceiro trimestre foram divulgados nesta terça-feira (17) pela Fundação João Pinheiro (FJP).
O economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Carlos Silva, explica que o desempenho abaixo da média nacional neste período também está ligado a fatores sazonais, uma vez que a economia mineira, tradicionalmente, tem melhores resultados no segundo semestre.
De acordo com os dados da FJP, no acumulado dos primeiros nove meses deste ano, os setores da indústria e serviços cresceram 4,2% e 3,5%,respectivamente. Já a agropecuária registrou uma retração de 8,1%. Essa queda da atividade do agro mineiro foi mais intensa que a média nacional, que diminuiu 3,5% ao longo do ano.
“Um fator é climático. Sofremos mais aqui com as chuvas do que o restante do Brasil, em média, nesse ano. Isso afetou bastante o segmento agropecuário”, disse Izak Carlos Silva. Além disso, uma safra do café aquém do esperado e safras mais fracas de outras culturas também impactaram o setor. “Ano passado tivemos recorde, o que a gente chama de ‘supersafra’, era natural que se observasse um decrescimento aqui de de modo geral” completa.
Por outro lado, no acumulado de 2024, a indústria mineira cresceu acima da média nacional (3,5%), enquanto o crescimento médio do setor de serviços, no País (3,8%), acompanhou o observado no Estado. Mesmo assim, o economista-chefe do BDMG aponta que, dentro do crescimento destes setores em Minas Gerais, está o motivo do PIB mineiro crescer abaixo da média nacional.
“O que faz diferença aqui nesse caso é o desempenho de serviços. E especialmente aqui, tem uma miscelânea de coisas de ‘outros serviços’ que está pesando para baixo”, disse. Em Minas Gerais, o subsetor “outros serviços” cresceu 4,1% no acumulado do ano, enquanto no Brasil a categoria cresceu 4,9%. “Atividades imobiliárias, serviços financeiros, têm feito bastante diferença, além de serviços profissionais e administrativos e pessoais”, explica Carlos Silva.
Acontece que serviços profissionais e administrativos são prestados, em geral, à indústria, principalmente ao segmento de transformação, ressaltou o economista-chefe do BDMG.
A atividade da indústria da transformação aumentou 2,2% ao longo do ano em Minas Gerais, enquanto no País cresceu 3,2% na mesma base de comparação. “Aqueles serviços que estão pesando negativamente lá em ‘outros serviços’, que estão crescendo menos aqui do que no Brasil, deve-se a uma fraqueza da indústria de transformação no Estado”, aponta.
Com quarto trimestre, PIB de Minas deve ser idêntico ao do Brasil
A fraqueza da indústria de transformação está associada às características do setor em Minas Gerais, basicamente composto pelos segmentos automotivo e metalmecânico, explica Izak Carlos Silva. “Indústria automotiva está crescendo, mas está crescendo menos aqui do que no Brasil. Isso explica grande parte do resultado”, afirma.
Dependente da indústria automotiva, o segmento metalmecânico também tem crescido menos no Estado do que no País. Outro segmento da indústria de transformação estadual que já viveu melhores dias é o de máquinas e equipamentos. “É um segmento que está encolhendo. E máquinas e equipamentos, em Minas Gerais, está bastante associado à agropecuária. Como a agropecuária está performando pior aqui do que no País, acaba tendo esse efeito”, pontua.
O economista ressalta que, ainda assim, os indicadores econômicos mostram forte atividade no último trimestre do ano. O crescimento do PIB em Minas Gerais, em 2024, deverá ser o mesmo do registrado no Brasil (3,5%).
“Esse crescimento do quarto trimestre deve ser puxado pela melhora do crescimento da atividade industrial, de modo geral, que sempre performa melhor nos dois trimestres finais do ano, do que nos dois primeiros”, finaliza.
Fonte: Diário do Comércio.