Localizada em Sarzedo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a Itaminas planeja investir R$ 1,5 bilhão entre este ano e 2033. A intenção da mineradora é subir o volume de produção, bem como o teor de ferro do minério, visando atender a crescente demanda da siderurgia por produtos de maior qualidade em virtude das metas de neutralização de carbono.

“Esse plano envolve investimentos no que chamamos de rota tecnológica para evoluir e ter processos como moagem, espiral e flotação, que permitem a produção de um minério de mais alto teor e menor impureza, que é o tipo que atende aos altos-fornos de redução direta, ligados à descarbonização”, diz o presidente da Itaminas, Thiago Toscano.

Neste mês, o executivo participou de um evento da B3 e afirmou que vai acessar o mercado de capitais para financiar os projetos. A empresa já começou a aplicar recursos do próprio bolso.

Segundo ele, nos próximos dois anos, a companhia tem uma despesa prevista de quase R$ 400 milhões e precisa levantar US$ 100 milhões; logo, para que não precise paralisar os aportes, poderá solicitar um financiamento de curto prazo, conhecido como empréstimo-ponte.

Com os investimentos programados, a Itaminas espera, em cinco anos, ampliar a atual produção, de aproximadamente 6,5 milhões a 7 milhões de toneladas por ano, em 9 milhões de toneladas/ano.

Atualmente, o mix produtivo da mineradora tem cerca de 65% de sinter feed, 5% de hematitinha e 30% de pellet feed. O último produto citado é mais fino, com maior concentração de ferro e menos sílica, o que ajuda a diminuir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) das siderúrgicas.

A expectativa é que, ao término das inversões, em dez anos, o pellet feed corresponda a 70% da produção da empresa e que o teor de ferro do minério passe dos atuais 62,5% para, no mínimo, 65,5% – o desejo é alcançar 67% de concentração de ferro, de acordo com Toscano.

Empresa vislumbra oportunidades no fornecimento de minério para a descarbonização

Conforme Toscano pontua, hoje, apenas 8% do minério produzido no mundo tem 67% de concentração de ferro. O produto capta um prêmio do mercado superior ao item com menor teor e a tendência é esse prêmio aumentar ainda mais no futuro com o setor siderúrgico precisando reduzir as emissões de CO2 e não havendo oferta para esse crescimento da demanda.

Nesse contexto, entram os investimentos da Itaminas em novos processos operacionais. A empresa vislumbra ser a fornecedora de minério de alto teor para os altos-fornos de redução direta.

Apostando em diferenciais competitivos, que podem atrair investidores, o presidente destaca, por exemplo, que a mineradora é a décima maior produtora de minério de ferro do Brasil e tem licença para expandir a produção atual até 15,5 milhões de toneladas por ano sem precisar passar por novos licenciamentos. Além disso, é dona de um terminal com capacidade de escoar 10 milhões de toneladas anuais e vai construir mais um nos próximos anos.

Novo terminal terá capacidade de escoamento de 20 milhões de toneladas por ano

O novo terminal da Itaminas terá capacidade de escoamento de 20 milhões de toneladas de minério por ano e tornará a empresa um hub logístico de Sarzedo e proximidades, visto que o empreendimento deverá ser usado por outras mineradoras. O atual terminal seguirá operando e também poderá ser utilizado para escoar outros tipos de cargas além de minérios.

O investimento estimado para o projeto é de R$ 222 milhões. A construção é uma obrigação da companhia prevista em Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) anos atrás. Os estudos estão sendo feitos e, conforme Toscano, o prazo para que o terminal fique pronto é até o fim de 2028.

Cade aprova venda da Itaminas para empresários mineiros

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a aquisição de 100% da Itaminas por três empresários mineiros: Rodrigo Gontijo, do Grupo AVG, Argeu Géo, da Agéo Agropecuária, e Daniel Vorcaro, do Banco Master. Com a autorização, o negócio, que não teve valor revelado, será concluído dentro dos próximos quinze dias, segundo Toscano.

“A aprovação do Cade é uma precondição para o fechamento da operação. Agora, é só o procedimento burocrático para concluí-la, e para colocar a Itaminas nessa nova era”, observa.

 

 

Fonte: Diário do Comércio.

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